Quando se induz uma criança a seguir uma carreira profissional, seja para se cumprir uma tradição familiar, ou uma preferência de parentes, estamos anulando por completo nessa criança, qualquer senso de iniciativa própria que a mesma poderia um dia, em si, despertar. Abre-se então caminho para a frustração e o conflito pessoal, o sentimento de incapacidade, o sentimento de inferioridade, e aquele futuro adulto não terá vida própria, será apenas uma extensão do desejo de poder, de continuação dos gostos e das vaidades dos seus pais.
Deve o descobrir da vocação de uma criança, ser uma das mais importantes preocupações de educadores e pais. Na ânsia de cumprir suas metas na grade escolar, normalmente, os educadores se preocupam mais em encher suas cabeças com o conteúdo dos livros. Do mesmo modo, estes educadores, tentam lhes induzir a seguirem aquilo que preferem, defendendo as qualidades e virtudes dos seus gostos pessoais, ou aquilo que a tradição da família ou do grupo determina, ou o seu conjunto de crenças particulares que elegeram como padrão, para si mesmos.
A juventude é a melhor época para se investigar, questionar qualquer coisa. Uma mente adulta não possui esse interesse, está na maioria das vezes já cristalizada, morta, já se tornou embrutecida, opaca, e nada disso, nada que signifique mudança, é mais do seu interesse. Prefere seguir os outros, sem questionar, e tem na força do hábito, das tradições, seu lugar seguro, do qual jamais pretende se distanciar. Vejam como há em nós uma espécie de conformação, como tocamos nossa vida à espera de um milagre. Estamos sempre no aguardo da chegada de uma onda de mudanças, que vindo de fora, contagie o planeta, e num estalar de dedos, reconfigure o mundo, ao nosso gosto e desejos.
Sabendo disso, pais e educadores, se conseguirem deixar suas próprias limitações e frustrações de lado, devem então ajudar sua crianças, a se tornarem, desde cedo, questionadoras, investigadoras, e não meras repetidoras, como eles, os adultos, já o são. Poderão também, se assim o desejarem, estes mesmos adultos, adotarem para si mesmos o estado de questionadores. Poderão, por exemplo, investigar em si mesmos, por que nosso mundo, a despeito das novas gerações, continua a repetir, na íntegra, a mesma mentalidade dos antigos, com todos os seus velhos problemas, e medos, e frustrações, ou correntes de violência, que ora apenas ganham uma nova indumentária.
Uma criança deve ser observada de longe por pais e educadores, da mesma maneira que se observa um animal arisco. Assim, pela observação dos seus gestos naturais, na sua espontânea maneira de reagir diante das coisas e situações, poderão lhes traçar um perfil básico, a partir do qual, a vocação das mesmas poderá ser descoberta, incentivada, aperfeiçoada, fortalecida.
Finalmente, vocação não se descobre a partir de testes psicológicos, que na maioria das vezes, mais funcionam como indutores, que, determinantes de uma verdade. São eles simples gabaritos estatísticos, uma maneira infantil de se tentar determinar um estado emocional que não pode ser aferido. Do mesmo modo que não podemos mostrar a alguém um sentimento de ansiedade, por exemplo, a partir de uma descrição, também não podemos a partir de um gabarito, determinar uma vocação. Mas podemos, a partir da propaganda, da força de uma sugestão, fazer alguém crer que aquilo é sua preferência. Seu futuro de profissional frustrado, sem criatividade, acabará por revelar o erro cometido com aquela escolha.
quarta-feira, 30 de junho de 2010
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